Foto: Telescópio Hubble, 09 de novembro de 2010.
Há 8 anos, descobriu-se que um corpo cortava o céu, caindo e brilhando. Sabia-se que não poderia cair e brilhar para sempre. Essas quedas que brilham sonham com a eternidade, pois caem em órbita, não atingem um chão, caem como se subissem, e sobem como se caíssem. Essas quedas só terminam com um impacto descomunal, ou com uma força divisiva. As razões da autodestruição desse corpo que brilhava ainda não são inteiramente compreendidas, mas ele começou a enfrentar turbulências e a girar numa velocidade desregrada, o que, segundo os cientistas, comprometeu sua inclinação e excentricidade (desvio de um centro gravitacional seguro) e apresentou uma ameaça à estabilidade de sua própria estrutura. Tal velocidade explicaria o evento observado em 2016: a desintegração do núcleo e sua fragmentação em 25 pontos luminosos – agora dispersos pelo espaço, como pó.
Antes de se desintegrar, esse corpo, que dava a impressão de ser uma união perfeita, brilhou e cortou o céu de maneira lenta e bruxuleante; se visto a olho nu, seria como uma daquelas estrelas brandas que somem quando olhamos diretamente, e que só brilham na periferia de nossa visão, pois é por onde a incidência enviesada da luz atinge os cantos de nossas pupilas e encontra nos bastonetes da retina uma maior sensibilidade.
Outras análises sobre o corpo que brilhava apontam a possibilidade de que ele já não estivesse unido antes da aparente desfragmentação de 2016; os cientistas adeptos dessa teoria acreditam que o corpo se movia ao mesmo tempo que se desintegrava, girando e se separando de si mesmo em perfeito equilíbrio. Uma dança da morte. Isso explicaria o grande cumprimento de sua "cauda" (uma estranha radiância espectral, que se estende às suas costas e cresce, como passado e como alerta), cuja extensão de pouco mais de 4 mil quilômetros cobriria, quase com exatidão, a distância entre os pontos extremos do Norte e do Sul da nação brasileira, de Monte Caburaí em Roraima, até o Arroio Chuí, no Rio Grande do Sul. A medida da cauda oriunda da desintegração desse corpo também coincide com a distância à esquerda e à direita, entre os extremos do oeste na Nascente do Rio Moa, no Acre, até o leste na Ponta do Seixas na Paraíba.
Esse corpo é o cometa batizado como 332P/Ikeya-Murakami, descoberto por dois amadores, Kaoru Ikeya e Shigeki Murakami, em 3 novembro de 2010. Há 8 anos.
Fonte dos dados sobre o 332P: artigo do Diário Astrofísico (ApJ) do IOP - http://iopscience.iop.org/artic…/10.1088/0004-637X/…/55/meta
Foto: Telescópio Hubble, janeiro de 2016:
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